Convívio entre gerações
Envelhecer faz parte da vida, mas muitas vezes esquecemos de olhar para o que isso significa no dia a dia. O corpo muda, a mobilidade diminui, a memória já não acompanha o mesmo ritmo e até tarefas simples podem se tornar um desafio. O Censo de 2022 mostrou que hoje já são mais de 32 milhões de brasileiros com 60 anos ou mais; a cada década esse número cresce rapidamente. Apesar disso, ainda não estamos verdadeiramente preparados, como sociedade, para lidar com as limitações naturais dessa fase. Falta acessibilidade, políticas públicas consistentes e, acima de tudo, compreensão.
Essa falta de preparo também dialoga com algo muito presente no nosso tempo: a cultura da pressa. Vivemos em uma sociedade imediatista, dos "sem paciência". Tudo precisa ser rápido, eficiente, quase automático. Nesse cenário, os idosos acabam muitas vezes sendo vistos como um "atraso", quando na verdade eles são um lembrete de que a vida não é feita apenas de velocidade, mas de presença, escuta e tempo de qualidade.
E é justamente aí que entra a nossa responsabilidade social. O Estatuto da Pessoa Idosa nos lembra que família, comunidade, sociedade e Estado têm o dever de assegurar dignidade, respeito e prioridade em saúde, cultura e participação social. Mas, para além da lei, existe o compromisso humano, criar espaços de convivência mais inclusivos, respeitar os limites, oferecer apoio e valorizar as histórias de quem já viveu tanto.
No fim das contas, ter os idosos por perto é um privilégio. São eles que carregam memórias, tradições e aprendizados que nenhuma tecnologia é capaz de substituir. Cada ruga conta uma história, cada silêncio traz uma lição e cada presença nos lembra que estamos inseridos em uma corrente de gerações, que se sustentam mutuamente. Conviver com os mais velhos não é um peso. É uma oportunidade de aprendizado e afeto que dá sentido ao que somos e ao que ainda vamos ser.
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Cena do filme "Um Senhor Estagiário": muitos ensinamentos
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Débora Máximo é influencer e graduanda em Psicologia
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