Na estrutura cinza do tempo,
entre os pilares do ontem,
o domingo se ergue.
Um intervalo em concreto,
onde o dia repousa:
não é pássaro,
não é máquina,
é o espaço.
A praça ressoa vazia,
ecos de passos breves.
Os bancos como sentinelas,
esperam histórias não contadas.
E no asfalto quente,
a sombra das árvores dança,
uma coreografia involuntária.
Relógios pausam sem pausa,
cada segundo alarga o silêncio.
A cidade dorme desperta,
em um sussurro coletivo.
Crianças com balões na feira
rompem o ar de concreto,
um riso flutuante entre vigas.
Há o café nas esquinas,
o jornal dobrado ao meio,
o cheiro da tinta que seca
nos grafites das paredes.
Domingo é a pausa do martelo,
a respiração da cidade.
E no cair do dia,
o céu manchado de laranja,
como um artista ao fim de sua obra.
Domingo desce as escadas da noite,
e a cidade retoma
seu ritmo de máquina
.'. FERNANDO COZZI .'.
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