De 07 a 09 de junho de 2024, sexta-feira e sábado às 21h, domingo às 19h, com entrada gratuita, a Cia de Teatro Acidental ( @ciadeteatroacidental ) realiza uma mostra do projeto “Trilogia Afetos Políticos”, no Teatro Alfredo Mesquita, na Zona Norte de São Paulo - SP. Uma temporada de apresentações das três peças que formam a trilogia, além de uma atividade complementar em formato de bate-papo que acontecerá no dia 08 de junho, às 19h, com participação do Coletivo Labirinto e Rainha Kong.
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| E se a porta cair... - Foto Cacá Bernardes |
No dia 07 de junho (sexta-feira), às 21h, com entrada gratuita, o grupo apresenta “O que você está realmente fazendo é esperar o acidente acontecer”. O espetáculo parte de uma investigação de “O beijo no asfalto”, de Nelson Rodrigues. Em cena, sentados em uma mesa, os atores dão voz a discursos diversos, de intelectuais a agressivos, de literários a acadêmicos, tecendo comentários sobre a obra rodriguiana.
Debates já presentes na história original do homem cuja vida é destruída ao conceder a um moribundo um beijo na boca, realizando seu último pedido, serão levados às últimas consequências, demonstrando que, mais de cinquenta anos depois de sua estreia, a obra ainda se mantém atual. Um simples jornal pode dar lugar ao tribunal das redes sociais, uma vizinha fofoqueira ou o ‘bullying’ de colegas de trabalho a abjetos comentários anônimos em sites da internet, onde tantas vezes permanecem o ódio e a violência.
No sábado, 08 de junho, às 21h, o grupo apresenta “E o que fizemos foi ficar lá ou algo assim”. A peça dá continuidade à pesquisa iniciada em “O que você realmente está fazendo é esperar o acidente acontecer”, onde a companhia reflete sobre o ódio como afeto fundamental para compreender a política contemporânea no país.
Em palestra proferida após assistir àquela peça, o filósofo Vladimir Safatle inspirou uma reflexão sobre pensar o ódio como secundário em relação ao medo, buscando compreender o papel dos afetos no campo da política. Na mesma ocasião, o psicanalista Christian Dunker apresentou também ao grupo, sua ideia de uma “lógica de condomínio” que organizaria a sociedade brasileira contemporânea. A partir dessas duas ideias, foi concebido este projeto da Cia de Teatro Acidental.
E no domingo, dia 09 de junho, às 19h, acontece a apresentação de “E se a porta cair seguiremos sentados apenas mais visíveis”. Nesta montagem, a companhia mergulha no inconsciente político para abandonar, cada vez mais, um modo de teatro político que aponta os outros (a direita, os dominadores, os donos do poder) como culpados pelas mazelas da sociedade contemporânea, buscando suas próprias implicações e responsabilidades na situação de crise vivida atualmente.
“Não porque esses outros não tenham culpa, mas porque sem dúvida nada farão para deixar de ter, tornando a denúncia irrelevante, impotente. E é esse duplo interesse – naquilo que (ainda) não sabemos e no que nós mesmos fazemos errado - que fundamenta o espetáculo, em suas mais diversas frentes”, comenta a companhia.
O espetáculo propõe uma espécie de “jogo de aprendizagem” (como Ingrid Koudela traduziu o termo Lehrstück), que não busca ensinar a um público menos sabido alguma coisa sobre o mundo, mas sim elaborar cenas, gestos e falas que, incansavelmente repetidos, podem promover nos próprios atores e participantes uma experiência instrutiva.
Com a “Trilogia Afetos Políticos”, a Cia de Teatro Acidental propõe uma experiência teatral que não pode ser determinada ou controlada previamente, mas encontra-se aberta para o inesperado.
Esta mostra integra o projeto “Cia de Teatro Acidental: Modos de ser muitos”, contemplado na 42ª edição do Programa de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.
Sobre a Cia de Teatro Acidental
Acidentalmente unidos pela universidade em 2006, os artistas da Cia de Teatro Acidental decidiram seguir juntos, pesquisando cenicamente possibilidades e contradições, formas e figuras da coletividade: a organização grupal não só como estrutura e modo de produção, mas também tema e estética.
Além de encenar peças de autores como Bertold Brecht, Eugène Ionesco e Elfriede Jelinek, a companhia tem trabalhado cada vez mais na criação colaborativa de dramaturgias próprias, para pensar as especificidades do contexto no difícil tempo presente.
Informações: www.instagram.com/ciadeteatroacidental e www.facebook.com/teatroacidental
Serviço: Mostra teatral “Trilogia Afetos Políticos”
Com Cia de Teatro Acidental
Temporada: 07 a 09 de junho de 2024 - Horários: sexta-feira e sábado às 21h, domingo às 19h
Onde: Teatro Alfredo Mesquita - Endereço: Av. Santos Dumont, 1770 - Santana, São Paulo - SP
Informações: (11) 2221-3657
Classificação Indicativa: 14 anos
Grátis - retirada de ingressos 1 horas antes na bilheteria do teatro
Capacidade: 198 pessoas - Acessibilidade: Sim
Peça “O que você está realmente fazendo é esperar o acidente acontecer”
Quando: 07 de junho de 2024 (sexta-feira) - Horário: 21h
Sinopse: A partir de um debate sobre a obra “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues, a peça coloca em cena, de maneira crua e sem uso de metáforas, as convulsões de uma sociedade movida pelo ódio, cultivado em nome da liberdade de expressão. Oito anos após sua estreia, ela parece ter antecipado terrivelmente os rumos políticos do país. Duração: 65 minutos
Diálogos sobre Processos Colaborativos - Bate papo com outros grupos teatrais
Quando: 08 de junho de 2024 (sábado) - Horário: 19h
Sinopse: A Cia de Teatro Acidental convida outros coletivos da cidade para refletir sobre dificuldades e potencialidades do processo colaborativo. São conversas abertas ao público, sobre organização coletiva nos diversos âmbitos do trabalho criativo, convívio e colaboração. Nesta edição, o grupo recebe como convidados o Coletivo Labirinto e Rainha Kong
Peça “E o que fizemos foi ficar lá ou algo assim”
Quando: 08 de junho de 2024 (sábado) - Horário: 21h
Sinopse: Um grupo de vizinhos se encontra num espaço fechado. O que de início parece ser uma simples reunião de condomı́nio aos poucos ganha ares inquietantes. Sobre quem discutem os participantes? O que é que os espreita de lá de fora? Descobrindo-se presos em um filme de terror, só lhes resta tentar descobrir como escapar dessa sinistra ficção. Duração: 80 minutos
Peça “E se a porta cair seguiremos sentados apenas mais visíveis”
Quando: 09 de junho de 2024 (domingo) - Horário: 19h
Sinopse: Um julgamento em que todos os participantes, anônimos, ocupam ao mesmo tempo as posições de juízes, réus, advogados de defesa e acusação: um tribunal revolucionário, um coro trágico, uma autocrítica de rede social, uma psicanálise de desenho animado. No debate urgente sobre os rumos políticos do presente, a força de transformação parece paralisada pela confusão entre culpa e responsabilidade, vergonha e masoquismo, acusação e ressentimento. Duração: 90 minutos
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