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02 outubro, 2022

Respeito

               



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA

Respeito

Uma verdade contundente não cessa de nos acompanhar: não temos alívio. As dificuldades da vida nos assediam a todo instante: doenças, guerras, falsificações, traições, perdas, carestia e carências. Tudo isso tem nos tornado pessoas muito vulneráveis, instáveis e, muitas vezes, tristes.

É evidente que diante deste quadro, nosso instinto de sobrevivência, tão efetivo o tempo todo, nos incita a buscar caminhos possíveis para encontrarmos um porto para se atracar.

Um desses caminhos é a relação que mantenho com o meu outrem. Não é preciso estudar muito para entendermos e sentirmos a importância que há em um acolhimento, em uma conversa animada, em um aperto de mão sincero, em um abraço demorado.

Porém, a fragilidade que nos envolve tem feito com que recorramos a outros condutos para fugir da dor. Estamos mais intolerantes, mais violentos, insensíveis e impacientes. Aquilo que poderia me salvar, está sendo interpretado de maneira distinta do que é real. O relacionamento interpessoal significativo está sendo substituído pela competição e a trocas de insultos diante de situações em que poderíamos contornar a dificuldade sem muitos esforços.

Um exemplo clássico foi o debate dos presidenciáveis. Cenas vergonhosas foram colocadas diante de nós. Claro que isso não é novidade, sempre foi assim. Mas assusta e continua nos preocupando.

O respeito está perdendo sua força. Defender seus conceitos diante de alguns pode ser muito perigoso. Se posicionar com uma opinião diferente dos demais, se tornou motivo de brigas e atos violentos graves. E a pergunta que emerge é: aonde vamos chegar?

O que mais preocupa é perceber que um conceito básico para a sobrevivência e para se ter uma relação com o outro amigável ou pelo menos possível, não está sendo percebido, entendido, considerado.

Que tenhamos a disposição de fazer uma autoanálise para descobrirmos se estamos ou não neste basco furaco construído por uma humanidade emocionalmente frágil e sem consistência moral.

Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!

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