Roberto Rowntree em Itapecuru-Mirim: Arte, Ancestralidade e Resistência no Quilombo Oiteiro dos Nogueiras
Ator e cineasta dá início à série documental Quilombolas: Guardiões da Cultura e da História durante o 7º Desfile de Turbantes e Biojoias, com apoio de lideranças e artistas engajados na valorização da cultura afro-brasileira
Itapecuru-Mirim, Maranhão – O mês de junho foi marcado por um importante encontro entre arte, ancestralidade e afirmação cultural no coração do quilombo Oiteiro dos Nogueiras. O renomado ator e cineasta Roberto Rowntree esteve presente na comunidade, onde dirigiu a 7ª edição do Desfile de Turbantes e Biojoias, evento que exalta a beleza, a resistência e a criatividade da população quilombola.
A convite da presidenta do Instituto Iquilomba, Valdirene Chagas, Roberto levou suas câmeras, sua sensibilidade e seu olhar artístico para documentar uma realidade vibrante e pouco retratada com profundidade: a vida dos quilombolas no Brasil contemporâneo. O evento marcou o início oficial das gravações da série documental Quilombolas: Guardiões da Cultura e da História, que será dirigida por ele.
“Este projeto nasceu do desejo de contribuir para o reconhecimento da história viva dessas comunidades, que são pilares da cultura afro-brasileira. O Oiteiro dos Nogueiras tem uma força espiritual e estética que o mundo precisa conhecer”, declarou Rowntree
Um desfile que é mais que moda
O desfile de turbantes e biojoias, já consolidado no calendário cultural da região, é um símbolo da autoafirmação e da ancestralidade negra. Peças feitas com sementes, fibras naturais e tecidos coloridos ecoam saberes ancestrais e técnicas passadas de geração em geração. Em 2025, o evento ganhou ainda mais destaque com a presença da equipe de filmagem e a proposta de amplificar essas vozes para além das fronteiras do Maranhão.
Valdirene Chagas: a força visionária por trás do movimento
Idealizadora do Desfile de Turbantes e Biojoias e presidenta do Instituto Iquilomba, Valdirene Chagas tem sido uma liderança incansável na valorização da cultura afro-brasileira e no fortalecimento das comunidades quilombolas do Maranhão. Sua atuação vai além da organização do evento: ela é uma verdadeira embaixadora cultural, articulando redes de apoio, promovendo educação antirracista e garantindo que tradições ancestrais continuem vivas e respeitadas.
Foi graças à sua visão e persistência que o desfile chegou à sua sétima edição, ganhando cada vez mais visibilidade e reconhecimento. Ao convidar Roberto Rowntree para dirigir o episódio piloto da série documental, Valdirene reforça seu compromisso com a preservação da memória quilombola e com a projeção dessas histórias para o Brasil e o mundo.
“A cultura quilombola não é passado, é presente pulsante e futuro possível. Cada turbante, cada biojoia, cada canto e cada passo nesse desfile carrega a história dos nossos ancestrais e a esperança dos que virão”, afirma Valdirene.
Além da participação de Valdirene Chagas e da equipe da Animal Filmes, o evento também contou com o apoio de nomes fundamentais na luta pela valorização da cultura afro-brasileira. Entre eles:
Antônia Matos, presidente do IBREM (Instituto Brasil de Ensino e Metodologia), que reforçou a importância da educação como ferramenta de empoderamento cultural;
Ana Paula, artista e artesã de biojoias, cuja obra esteve presente nas passarelas e encantou o público com peças inspiradas na ancestralidade africana;
Maria Odete, importante liderança quilombola do Rio Grande do Sul, que trouxe ao Maranhão um poderoso discurso de união e resistência entre comunidades negras do país;
Cláudia, professora e vereadora de Itapecuru-Mirim, que tem sido uma voz ativa na defesa dos direitos das comunidades tradicionais da região;
E a influencer maranhense Adriana Mendes, que ajudou a dar visibilidade ao evento através das redes sociais, atingindo milhares de seguidores com mensagens de valorização cultural.
A equipe da Animal Filmes, responsável pela produção audiovisual, contou ainda com os talentos dos cinegrafistas Miguel Hedler, Vitor Oliveira e Junior Carvalho, que colaboraram ativamente nas gravações e captaram a beleza e a força do quilombo em cada detalhe.
Uma série para eternizar os guardiões da história
A série documental Quilombolas: Guardiões da Cultura e da História tem previsão de lançamento para 2026 e pretende percorrer diversas comunidades quilombolas brasileiras, registrando seus saberes, festas, lutas e memórias. O episódio piloto, gravado em Oiteiro dos Nogueiras, foca em temas como identidade, oralidade, arte e pertencimento, sempre a partir do olhar dos próprios moradores.
Rowntree reforça que não se trata de um registro turístico, mas sim de uma obra feita com responsabilidade histórica e escuta ativa.
“Não estou aqui para falar sobre os quilombolas. Estou aqui para ouvi-los, para que falem por si. É um processo de construção conjunta, de reparação e de valorização.”
Um futuro mais visível e respeitado
A presença de uma figura como Roberto Rowntree em Oiteiro dos Nogueiras representa mais do que um destaque artístico — é um reconhecimento do valor histórico e cultural que essas comunidades carregam. Em tempos de debate sobre identidade e justiça social, ações como essa são faróis que iluminam o caminho para um Brasil mais consciente e plural.
A sétima edição do desfile foi um marco. A série documental promete ser outro. O futuro já começou em Itapecuru-Mirim — e ele é negro, ancestral e potente.
Também estiveram presentes o ex jogador da seleção brasileira Josimar é sua mulher Sandra Aguiar á frente do Instituto Josimar que trabalha com ações esportivas de cunho social e educativo junto às comunidades
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