CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Sociedade do desempenho
Todos desejamos ser vistos como pessoas competentes. Seres capazes de cumprir suas atividades de forma perfeita, digna de elogios e honra.
Evidentemente que não há nada de problemático neste conceito. Trabalhar fazendo o melhor é digno de nota, de louvor. A grande questão é transformar o que poderia ser o resultado de um prazer, em um elemento de rigidez e, consequentemente de angústia.
Michael Foucault deixou escrito que a sociedade de sua época era disciplinar, portanto, regida pela negatividade. Hoje, filósofos mais modernos como Byung- Chul Han, retratam que nossa era é de uma sociedade que é guiada pela lógica do desempenho. Sendo assim, não estamos mais sob a égide da negatividade, mas, muito pelo contrário, estamos sendo regidos pelo excesso de positividade.
Tal conceito nos incita a acreditar que podemos fazer mais, independente dos recursos que portamos, porque, assim, nos sentiremos poderosos, capazes, sem limites.
Entretanto, esta concepção tem produzidos pessoas depressivas e fracassadas. Senão conseguimos atingir o alvo que foi proposto para nós ou que nós mesmos nos propomos, nos depreciamos e caímos na melancolia oriunda do fracasso.
Nesta via não atentamos para os nossos limites e adentramos em uma lógica destruidora. E o bournout está entre nós para confirmar isso. Assim sendo, o excesso de trabalho se transforma em uma autoexploração. De certa forma, temos que continuar concordando com Foucault: seguimos sendo disciplinados, agora movidos por uma outra força ideológica.
E o que nos leva a sentirmos fracassados e depressivos? É acreditar que tudo é possível socialmente falando, mas para nós, nada é possível. Claro que tal acepção é uma falácia.
É claro que é desafiador seguir para além das concepções que nos são adoadas, mas podemos ponderar e tentar, por meio da reflexão, agir de maneira mais satisfatórias para nós.
Um fortíssimo abraço para você!
Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista
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