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09 maio, 2024

Procrastinação em Indivíduos com Elevado Quociente de Inteligência: Implicações Neurogenéticas e Cognitivas

 Procrastinação em Indivíduos com Elevado Quociente de Inteligência: Implicações Neurogenéticas e Cognitivas


Créditos - Foto: Divulgação / MF Press Global


No artigo publicado na revista Estudios y Perspectivas, Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, especialista em neurociências e genômica, investiga a complexa interação entre a procrastinação e a elevada inteligência, destacando a influência de fatores neurogenéticos, cognitivos e ambientais neste fenômeno. A pesquisa explora de maneira detalhada as causas subjacentes à procrastinação em indivíduos com alto Quociente de Inteligência (QI), especialmente aqueles que se situam entre os percentis 95 e 99 de QI, correspondendo a valores entre 125 e 135.


Fadiga Mental e Excesso de Pensamentos


Dr. Fabiano de Abreu identifica o excesso de pensamentos e a fadiga mental como contribuintes significativos para a procrastinação em pessoas de alto QI. Estes indivíduos, devido à sua capacidade elevada de processamento e análise de informações, frequentemente enfrentam uma sobrecarga cognitiva que pode diminuir a eficácia na execução de tarefas. Estudos anteriores, como o publicado na evista Journal of Applied Physiology, corroboram esta observação, indicando que a fadiga mental, decorrente de um intenso trabalho cognitivo, pode impactar negativamente o desempenho tanto físico quanto mental. Além disso, a pesquisa destaca que variações genéticas, especialmente aquelas relacionadas aos neurotransmissores como a dopamina, podem predispor esses indivíduos a um esgotamento cognitivo mais rápido, intensificando a procrastinação.


Economia de Energia Cerebral


Uma das teses centrais do artigo é a noção de economia de energia cerebral, que Dr. Fabiano de Abreu define como uma estratégia neuroadaptativa empregada por indivíduos de alto QI para gerenciar desafios de processamento intenso. Polimorfismos genéticos específicos, como destacado na investigação de Kohno mencionado no estudo, modulam a função executiva no córtex pré-frontal durante decisões, sugerindo que a otimização na alocação de recursos cognitivos é crucial para a sustentabilidade da eficiência mental desses indivíduos. Esta economia de recursos pode, paradoxalmente, resultar em períodos de procrastinação como forma de repouso cognitivo.


Desmotivação e Excesso de Informações


Dr. Fabiano de Abreu também aborda como o excesso de informações pode levar à desmotivação, outro fator crucial que contribui para a procrastinação. Pessoas de alto QI, ao processarem e analisarem um grande volume de dados, podem experienciar paralisia por análise, resultando em inação. A desmotivação surge não apenas da sobrecarga informacional, mas também da dificuldade em ver resultados concretos dessas análises, o que pode reforçar um ciclo de adiamento de decisões e ações.


Memórias Negativas e Ansiedade


Além disso, o autor do estudo destaca a influência de memórias negativas e ansiedade, que ativam respostas hormonais como o cortisol, contribuindo para a fadiga e, consequentemente, para a procrastinação. O estudo aponta para variações no gene BDNF, especificamente o polimorfismo Val66Met, que estão associadas a diferenças na resposta emocional e na regulação da ansiedade, influenciando diretamente a tendência à procrastinação em pessoas de alto QI.


Um aspecto interessante destacado é a diferença de padrão comportamental em indivíduos com QI acima de 140, onde se observa maior progresso nos projetos, o que sugere variações no funcionamento do córtex pré-frontal e nos mecanismos decisionais entre diferentes faixas de inteligência elevada.


Ademais, o perfeccionismo desadaptativo é discutido como um fator significativo na procrastinação. Conforme estudos citados pelo Dr. Fabiano de Abreu, a preocupação com erros e dúvidas sobre as ações estão significativamente relacionadas à procrastinação, especialmente em indivíduos com altas expectativas pessoais.


Este estudo é uma contribuição valiosa para o entendimento da procrastinação em pessoas de alto QI, oferecendo detalhes sobre como fatores neurogenéticos e cognitivos interagem para influenciar comportamentos procrastinatórios. O reconhecimento desses fatores é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes que auxiliem indivíduos de alto QI a superar a procrastinação e alcançar seu potencial máximo. A pesquisa abre caminho para futuras investigações que poderão explorar intervenções personalizadas, que levem em conta tanto os aspectos genéticos quanto ambientais, para mitigar os efeitos da procrastinação nesse demográfico específico.


Referências


Rodrigues, F. de A. A. (2024). Procrastinação em pessoas de alto QI. Estudios y Perspectivas.


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