Após PL que proíbe casamento homoafetivo, diretor artístico gay desabafa: “Um grande retrocesso, desumano e revoltante!”
Ale Monteiro, que já revelou ter sido vítima de homofobia, falou com sinceridade sobre a decisão tomada em votação na Câmara dos Deputados
Na última terça feira, 10, foi aprovado na Câmara dos Deputados um projeto de lei que proíbe o casamento homoafetivo e a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Com 12 votos a favor e apenas 5 contra, o projeto segue para outras comissões antes de chegar ao Plenário. Especialistas apontam que, se aprovado, o PL tem chances de ser considerado inconstitucional e não afetar os casamentos já realizados. Entretanto, para o diretor artístico Ale Monteiro, tal acontecimento já é uma alarmante prova do preconceito e retrocesso que a sociedade ainda se encontra.
“O que estamos vivendo é um grande retrocesso. Desenvolver um projeto de lei para proibir o amor é totalmente desumano, cruel e, eu concordo, é inconstitucional. Isso é o que acontece quando temos pessoas desqualificadas e sem nenhuma inteligência emocional em cargos de poder. Só isso explica esse tipo de atitude”, diz.
Assumidamente gay, Ale possui local de fala e, por isso, revela estar em meio à um misto de sentimentos: “Sinto tristeza, vergonha e também um pouco de revolta por saber que a gente ainda vive as consequências de uma pandemia e, mesmo assim, estamos vendo uma avalanche de pessoas cada vez menos ligadas umas às outras. Acredito que essa também seja uma influência para que isso aconteça, sabe?! As pessoas estão tão focadas no celular, no próprio umbigo e em seus próprios interesses, que não tem mais a capacidade de olhar com carinho para o próximo, de celebrar o amor e a vida. É tudo muito triste”, lamenta.
Ele, que já revelou ter sofrido preconceito por conta de sua orientação sexual, explica que as pessoas se amam independente do gênero com o qual elas se identificam: “A homossexualidade nunca existiu e nunca vai existir. O que existe é um objeto de desejo voltado para outra pessoa que pode ou não ter nascido com o mesmo órgão sexual. Ter esse pensamento de que homem tem que ficar com mulher e que mulher tem que ficar com homem é uma ideia retrógrada, massiva e completamente antiquada. Chega a ser até ridículo e, quando vejo isso, culpo a desonestidade intelectual!”.
Ale completa, em tom de lamento, reforçando que o mais importante deveria ser, em todos os casos, o amor: “Isso tudo que está acontecendo é o reflexo do Brasil que a gente vive, da nação preconceituosa que estamos incluídos e das pessoas que estão no poder e que acham que podem decidir como as pessoas vão expressar o sentimento delas. O que elas não entendem é que amor não tem gênero, não tem sexo, não tem rótulo. Amor é amor e sempre vai ser”, finaliza.
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