De atriz no Brasil a produtora cultural na Noruega,
Tonya Oliver é finalista do Prêmio Melhor do Brasil no Mundo na categoria de Show/Entretenimento.
Tonya
Oliver nasceu na pequena cidade de Belterra, a 40 km de Santarém, no Pará. Já
adulta, foi para Belém, onde se formou em artes dramáticas, “onde comecei a trabalhar como atriz no teatro”,
comenta Tonya.
Em
1980, Tonya Oliver se mudou para o Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa
começou a trabalhar no teatro infantil. Em 1983, estreou na Rede Globo, com a
ajuda do ator Lúcio Mauro. Como Tonya conta – “Meu grande amigo Lúcio Mauro me deu a chance na emissora”. Dois
anos depois, em 1985, ganhou um papel na novela Louco Amor.
Nesse
período, convivendo com atores, atrizes, diretores, produtores e gente
importante de TV e teatro, conhece o Carnaval carioca, manifestação da cultura
popular, “foi daí que a minha paixão pelo
Carnaval começou”, ao frequentar a Sapucaí e as quadras das escolas de
samba. Neste universo conhece Graça Oliveira, mãe de Fabíola Oliveira e sogra
de Aniz (Anísio) Abraão David – presidente de honra da Beija Flor de Nilópolis.
Tonya e Graça se tornam grandes amigas.
Com
o tempo, resolve ir morar na Europa, mais precisamente em Oslo, capital da Noruega.
“Já moro aqui quase 39 anos”, declara.
Mas este resolver ir não foi à toa, mas sim movido pela paixão. Em 1984, Tonya
Oliver conheceu o seu amor e marido, no Rio de Janeiro. Começaram a namorar e
no ano de 1985 (após o término das gravações de Louco Amor), resolveu fazer uma
viagem para a terra do seu amor e lá ficou. Em 1989, resolve se casar.
Segundo
Tonya, esta relação com a Noruega já dura, praticamente, 40 anos. No início “foi muito difícil, falava pouco inglês,
pessoas diferentes, idioma, comida, frio terrível, muita neve. Não sabia fazer
comida, limpar casa, fazer de tudo, não foi fácil, só chorar e seguir”. Com
o tempo as coisas foram se ajeitando. “O
meu marido conhecia o Embaixador da Noruega que estava no Rio e ele conhecia
uma norueguesa que era secretária do Embaixador do Brasil na Noruega. Ele fez
uma carta para ela, quando cheguei, fui na embaixada, entreguei a carta para a
Randi, ficamos amigas e aí as coisas foram melhorando. Tenho uma gratidão muito
grande por ela, somos amigas até hoje”, revela.
A
partir daí, Tonya resolveu começar a fazer o que tanto queria - divulgar a
cultura brasileira.
A
década de 1990 foi o auge da lambada na Europa e Tonya, começou a fazer show.
Foi um sucesso total. Com isso, começou a procurar meninas que soubessem dançar
samba. O processo foi difícil, mas com persistência conseguiu encontrar quatro
jovens para dar início às apresentações. “Pedi
ao meu marido que organizasse uma festa para que eu pudesse mostrar o meu
trabalho. Eram 50 casais, todos ansiosos. Quando começamos foi um silêncio
total. Comecei a perceber que a plateia estava ficando vazia, continuamos até terminar
a música. No final, só tinha dois homens na plateia, o meu marido e seu amigo.
Foram as piores críticas. As mulheres não aceitavam por ser vulgar e sexy”,
conta.
O
sucesso do início foi se transformando num fracasso, pois os noruegueses
observavam que de cultura não tinha nada. Mas Tonya não desanimou “Eu só precisava achar um solução”,
comenta. Várias instituições a chamavam para participar de eventos, mas as
críticas dos jornais e revistas eram da piores possíveis.
Para
resolver a situação, Tonya pede ajuda para uma amiga. “Falei com minha amiga para me ajudar, teria uma reunião com algumas
mulheres, precisava achar uma solução, precisava saber a opinião delas, e foi
aí que consegui estruturar o show, fazendo uma abertura como Carmem Miranda e
mais outros quadros” e “quando o
público estava entusiasmado eu colocava as dançarinas de biquíni de samba”.
E segue dizendo – “Foi assim que consegui
superar os preconceitos com o samba”.
Ainda
na década de 1990, montou o seu grupo Aquarela do Brasil, em Oslo e não parou,
foi só sucesso, sendo este o único grupo que se apresentou nas três Plataformas
de Petróleo da Noruega, em navios, programas de TV e também para o jubileu da
família real norueguesa, com toda a realeza do mundo presente. E diz: “Eu, realmente, consegui distorcer o
pensamento do povo nórdico”.
Em
2005, abriu um estabelecimento que se tornou a sua marca de nome Café Brasil.
Situado em Oslo, a proposta era especialmente brasileira, com música brasileira
ao vivo. Foram 13 anos de atividade, principalmente na realização de muitos
carnavais.
Como
uma representante da cultura brasileira na Noruega, Tonya já levou muitos noruegueses
para desfilarem nas escolas de samba carioca, a exemplo da Imperatriz
Leopoldinense, e declara: “Eu sou a única
mulher brasileira que teve essa coragem de lutar e enfrentar o preconceito do
samba”.
Atualmente
viúva, Tonya que é mãe de uma linda mulher e avó de quatro netas, tem uma boa
relação com os seus enteados. “Quando
casei, eu já tinha uma filha que na época tinha 11 anos e o meu marido tinha
dois filhos, um com 16 e o outro com 14 anos”, e continuo bem próxima
deles.
No
início da vida de casada, pensou em ter um filho, mas quando viu as mulheres
empurrando os carrinhos com as crianças, disse: “vamos parar por aqui, cuidamos dos que já temos”.
Com
uma vida bem farta de emoções, Tonya tornou-se finalista do prêmio Melhor do
Brasil no Mundo, na categoria Show/Entretenimento. E essa indicação ela
agradece ao Produtor do Intercâmbio Cultural Claudio Penido. “Foi o meu querido amigo Penido que me
indicou, ele já tinha me falado outras vezes, mas eu não estava convicta em
participar, dessa vez eu pensei bastante e resolvi me inscrever”.
Para
Tonya, ser finalista de um prêmio importante é muito bom e ao mesmo tempo
especial, pois sem saber muito como explicar, observa e analisa que para ter reconhecimento
do seu trabalho foi necessário muito esforço e sacrifício. Então, porque não
participar de algo importante e grandioso para os brasileiros que vivem na
Europa? “Tive um pouco de embaraço em
pedir votos, mas consegui passar”.
A
premiação acontecerá no dia 16 de setembro, e Tonya já está muito ansiosa e
emocionada, e tem muitas coisas a dizer, mas o mais importante é agradecer aonde
chegou. E conclui – “agradeço do fundo do
meu coração pelas lindas mensagens e elogios pelo meu trabalho, e pela falta
que estão sentindo de mim, e tudo isso me deixa emocionada e agradecida. Todos
estão no meu coração”. E segue agradecendo – “Obrigada. Obrigada. Gratidão. Gratidão”.
Texto:
Clilton Paz.
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