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A ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, no fim de fevereiro, recebeu a desaprovação das principais lideranças europeias. A resposta russa provocou crises diplomáticas que tiveram forte eclosão no campo econômico. O território soviético possui as maiores reservas de gás do mundo, e o país é o terceiro maior produtor global de petróleo, atrás apenas dos EUA e da Arábia Saudita.
Desta forma, o risco de interrupção do fornecimento de gás para os vizinhos europeus, altamente dependentes do insumo, vem gerando um clima temerário à produção que junto com outros fatores geram perspectiva de recessão econômica na Zona do Euro o que já reflete na desvalorização da moeda local.
Desde que entrou em circulação em 2002 o euro matinha uma cotação de cerca de 20% a 30% superior a moeda americana, mas com uma desvalorização de cerca de 11% nesse ano, a moeda europeia perdeu vantagem em relação ao par a tal ponto de estabelecer um empate no valor do dólar pela primeira vez em 20 anos.
“O problema na Europa envolve o aspecto geográfico, que coloca praticamente todo o continente no epicentro do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e também o aspecto energético. Esse é o ponto mais preocupante, e faz com que a crise por lá seja tanto quanto ou ainda mais forte do que a que estamos vivendo com a falta de fertilizantes agrícolas”, compara Gabriele Couto, economista e assessora de investimentos da Atrio Investimentos.
“Na prática, não há regras de mercado que definam que a estabilidade da economia global dependa de que euro esteja valorizado frente ao dólar. Não existe isso. No entanto, mundo sente, sim, o aumento do preço do dólar, que impacta consideravelmente alguns mercados internacionais, como o das commodities, que são referenciadas em dólar”, esclarece.
Outro ponto que merece a preocupação dos investidores, segundo a economista da Atrio Investimentos, é que a desvalorização aponta uma tendência sobre os rumos da economia europeia. Hoje já é possível observar uma fuga de capital da Europa para mercados mais seguros. Isto significa que os ativos europeus estão sendo substituídos por investimentos dolarizados.
Vale ressaltar que no curto prazo a expectativa é de que o Euro continue perdendo valor frente ao dólar. Com o cenário inflacionário nos Estados Unidos o Federal Reserve tende a ser ainda mais firme em relação à política de aperto monetário aumentando os juros, o que tende a atrair mais fluxo de capital para o país. A tendência, hoje, é de evitar a canalização de aplicações em ativos do Velho Continente”, alerta.
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