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18 maio, 2022

Outras modalidades do Teatro do Oprimido

 Outras modalidades do Teatro do Oprimido


Por: Lowry Landi

Desenho de Alvaro Neto


Um filme foi realizado enfocando, simultaneamente, Augusto Boal e o Teatro do Oprimido. O filme – dentro de uma visão documentarista – narra à trajetória do teatrólogo


O documentário leva o título: Augusto Boal e o Teatro do Oprimido - a primeira parte pode ser visto pelo YouTube - https://www.youtube.com/watch?v=8PQF33lRUVk&t=13s


Augusto Boal desde o Teatro de Arena em São Paulo até os dias de hoje. Em paralelo, mostra a evolução do Teatro do Oprimido, presente em 72 países desde os anos 70 cuja filosofia é romper a barreira entre ator e público propondo uma ação libertadora. Bom acreditar que as artes cênicas funcionam como meio de transformação subjetiva do ser humano e transformação objetiva da sociedade, ponto de partida para o Teatro do Oprimido, onde o espectador adquire voz, movimento, som e cor, e pode exprimir desejos e ideais.


Neste pacote incrível de realizações cênicas, Augusto Boal nos apresenta o que ele chamou por TEATRO INVISÍVEL, que é um teatro que busca NUNCA SER RECONHECIDO como teatro e é encenado em espaços públicos com o objetivo de fazer a intervenção o mais realista possível, a fim de provocar reações espontâneas no público.


E com isso o Teatro do Invisível expõe e apresenta um dilema moral em meio à vida cotidiana – isso pode ser particularmente útil em temas que as pessoas normalmente seriam EDUCADAS DEMAIS para trazer à tona, como pobreza, racismo, homofobia, ou qualquer tipo de opressão.


Mas vejamos Boal como Boal gostava, com exemplos: Digamos que você esteja jantando em um restaurante quando de repente um casal de homoafetivo e seus dois filhos, estão jantando na mesa ao lado. Neste momento são abordados por um garçom homofóbico:


“Essas crianças precisam de um pai”, ele diz. “E vocês estão deixando todos no restaurante desconfortável”. Neste momento alguns clientes concordam com o garçom, enquanto outros partem para a defesa do casal. O que o público não sabia é que – nesta apresentação de Teatro do Invisível, algumas dessas pessoas são atores, mas o restante, incluindo o leitor desta matéria, está participando de um desempenho de TEATRO INVISÍVEL sem o saber.


O TEATRO INVISÍVEL é um tipo de teatro que busca nunca ser reconhecido como teatro e é encenado em espaços públicos. Seu objetivo é fazer a intervenção o mais realista possível, afim de provocar reações espontâneas. E, em função disso, geralmente estas encenações vão para espaços públicos. O objetivo é fazer a intervenção o mais realista possível e, com isso, provocar reações espontâneas.


Toda a encenação deve estar em bom som o suficiente para ser ouvida e percebida pelas pessoas, mas não tão alto ou evidente que deixe obvio ao público que se está vivenciando uma encenação


- Assim o chamado TEATRO INVISÍVEL pode alcançar coisas que a maioria dos outros tipos de teatro não alcançaria, mesmo porque o TEATRO INVISÍVEL se propõe também a remover barreiras entre os atores e espectadores quando cria situações de conflito acessíveis a todos, nas quais as pessoas presentes podem repensar suas suposições e se envolver com assuntos sensíveis que elas normalmente evitariam.


Mas o que é realmente o TEATRO INVISÍVEL? É uma das técnicas do Teatro do Oprimido de Augusto Boal, e tem sido usado no mundo inteiro com diferentes cenários. Em Nova York, em 2003, atores se passando por turistas fizeram comentários sobre duas mulheres vestindo HIJABS, mas que também eram atrizes, que tiravam fotos do prédio Empire State – referindo-se a uma possível ameaça terrorista. Essa cena desencadeou um diálogo importante sobre estereótipos étnicos e a GUERRA AO TERROR.


Em outras situações, atores representando clientes em restaurantes e supermercados alegaram não poder pagar suas contas, iniciando um debate sobre justiça econômica com o caixa e com clientes ao redor, sendo alguns também atores.


O TEATRO INVISÍVEL exige uma quantidade significativa de preparação e ensaio. O formato exige que os atores mantenham-se nos papeis mesmo quando a ação segue por caminhos inesperados e desafiadores. Em sua forma pura, o teatro invisível nunca revela que é teatro, diferentemente de outras formas de TEATRO SECRETO, como o TEATRO DE GUERRILHA, PEGADINHAS a LA YES MEN ou brincadeira como as do coletivo IMPROV EVERY WHERE. No TEATRO INVISÍVEL não há nomeamento da REVELAÇÃO. As pessoas que esbarram em um TEATRO DO INVISÍVEL devem experimentá-lo como se fosse realidades e seguir para sempre pensando que aquele ato foi de verdade, técnicas de ações dramáticas.


Com isso consideramos que a poética do Teatro do Oprimido está organizada em diferentes formas técnicas de ações dramáticas, acrescentando que para Boal o teatro é ação.


SEGUNDO BOAL:


“O TEATRO IMAGEM, que integra a estética do Teatro do Oprimido, tem a intenção de ensinar uma transformação da realidade, através do uso da imagem corporal”.


Um espectador vai à frente e constrói uma imagem que pode ser mudada até que haja consenso. Essa é a representação da imagem real (opressão). Após, os espectadores devem construir uma imagem ideal, na qual a opressão tenha desaparecido (sonho).


O TEATRO IMAGEM foca-se nas linguagens não verbais a fim de comunicar-se. A partir da leitura da linguagem corporal, busca-se a compreensão dos fatos representados na imagem, sendo esta, uma realidade existente e/ou vivenciada.


A modalidade do Teatro do Oprimido mais popular utilizada no mundo todo é o TEATRO FÓRUM.


SEGUNDO BOAL:


“Constrói-se uma peça na qual se dramatiza uma situação da realidade marcada pelas relações de poder e de opressão... É um modo de aprofundar a realidade de forma mais lúdica e que desperta o desejo de transformar o mundo”.

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