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Um novo método de transplante de fígado pode abrir caminho para a redução da fila de pessoas que estão na fila aguardando a doação do órgão. Atualmente, são 1.905 pessoas no país que necessitam desse procedimento, mas, na contramão, a espera costuma ser demorada. Por isso, os avanços científicos vêm promovendo as possibilidades de acelerar a fila de transplantes.
No caso do fígado, a expectativa é de que, nos próximos anos, se intensifiquem o chamado split liver, que, na tradução, significa ‘fígado dividido’. “A grande vantagem do método do split liver é que o órgão passa previamente por uma cirurgia para ser desmembrado em duas partes que funcionam perfeitamente, com as propriedades do órgão. Isso permite atender a duas pessoas que aguardam pelo atendimento, em vez de apenas uma”, explica Dr. Antônio Márcio de Faria Andrade, médico gastroentereologista e coordenador do serviço de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Felício Rocho, um dos sete hospitais de Minas Gerais que realizam transplante de fígado.
O Felício Rocho já vem se preparando para adotar o split liver, que é complexa. A primeira experiência no Brasil envolveu mais de 24 profissionais, entre os quais cinco cirurgiões. Entretanto, Dr Antônio Márcio admite que a quantidade desses procedimentos só vai crescer com mais força quando houver um protocolo que disponha de todas as regras para a realização da cirurgia.
“É um processo necessário para minimizar os riscos e maximizar o sucesso do split liver. Essa é a tendência, e só a repetição de outras cirurgias bem sucedidas é que vai criar um manual rigoroso de como realizá-lo. Mas podemos acreditar que técnicas como essa podem impactar sobre a fila de transplantes de fígado nos próximos anos, que durante a pandemia sofreu um aumento considerável”, projeta o médico do Hospital Felício Rocho.
Fila de transplantes
A inauguração do split liver no país acende a esperança dos pacientes que estão à espera de outros órgãos. A ciência vem apostando em novas técnicas que elevem a potencialidade de uso de órgãos destinados a doação. Uma necessidade urgente, visto que as filas de transplantes no Brasil são caóticas e, muitas vezes, resultam na morte do paciente antes que tenha acesso ao órgão.
Segundo o Ministério da Saúde, o número de pessoas que aguardavam por um transplante superava os 53 mil até setembro do ano passado. O número cresce anualmente, num ritmo mais acelerado que o de doadores, que não passou de 1.452 nos nove primeiros meses do ano passado.
A pandemia de Covid-19 piorou o cenário, visto que, além da forte ocupação dos leitos de UTIs, exatamente a ala usada para realizar os transplantes, o risco de contaminação das vítimas do novo coronavírus reduziu as possibilidades de uso dos órgãos dessas pessoas para quem aguardava na fila. Resultado: em 2021, houve uma queda de 13% do número de doadores efetivos em relação a 2020 e de 18% em relação a 2019, como consta no relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
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