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02 dezembro, 2021

Artigo: Alta Temporada da Estética do Sorriso

André Pataro é cirurgião-dentista, doutor (PH.D.) e mestre em odontologia pela UFMG

Estamos a menos de um mês da chegada do Verão, período em que as pessoas ficam mais propensas a cuidar da saúde e da estética do corpo. As academias ficam mais cheias, assim como as pistas de caminhada e as ciclovias. Serviços que possam atender ao desejo urgente de mudança estética estão em alta. Não se engane! As clínicas de nutrição, de harmonização facial e os consultórios odontológicos também!

Esse fluxo de novos atletas de fim de semana é excelente! Pode não dar o resultado em tão pouco tempo como eles esperam, mas acende uma importante preocupação com as condições físicas e pode ser o start para cuidar do corpo de forma mais prolongada. No nosso caso, que cuida da estética bucal, a procura por tratamentos que primam pela aparência vem aumentando substancialmente durante todo o ano.

Estudos da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE), realizados há alguns anos, já mostravam que, desde 2014, a procura por procedimentos bucais estéticos cresceu 300% no Brasil, e esse número não para de crescer. Isso, de acordo com a entidade, coloca o país em segundo lugar no ranking global de procedimentos com essa finalidade. O Conselho Federal de Odontologia (CFO), por sua vez, revela que a odontologia estética movimenta cerca de R$ 38 bilhões ao ano. Acredite: essa cifra refere-se somente ao mercado nacional!

Por outro lado, há uma preocupação dos profissionais com essa fila de gente interessada nos procedimentos. Ela revela muitas vezes o tamanho da desinformação sobre os tratamentos disponíveis. A odontologia é capaz de realizar mudanças profundas na boca e no sorriso de uma clientes que costumam ir pensando num clareamento dental, mas que saem com uma imensa placa de tártaro removida ou com um sinal de alerta para uma gengivite crônica.

Por isso, repito, devemos ver com otimismo a preocupação geral com os dentes, mesmo que venha de um desejo ocasional, pois exige um primeiro contato com o dentista que normalmente é boicotado ao longo do ano. E a gravidade desse boicote pode ser observada em mais números, desta vez do Ministério da Saúde, em sua Pesquisa Nacional de Saúde Bucal. Ela aponta que, aos 28 anos de idade, os brasileiros já perderam, em média, 5 dos 32 dentes. Aos 50 anos, ela ultrapassa a metade – mais de 16 dentes perdidos, em média!

Diante dos números, podemos afirmar que não é problema o cuidado estético com a boca estar em alta, desde que ele leve a uma conscientização coletiva de que essa melhora começa por outros tratamentos, que deve passar por uma análise criteriosa de quem tem experiência não apenas com tratamentos estéticos, mas também que entende de saúde e funcionalidades bucais. O simples fato de haver um movimento de pessoas em busca das clínicas é um alento que pode ajudar a diminuir os problemas bucais de um país que ainda ostenta a terrível tradição de ter medo de dentista.

O autor Dr. André Pataro é cirurgião-dentista, doutor (PH.D.) e mestre em odontologia pela UFMG - andre@pataro.com.br

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