Thiago de Moraes escreve sobre "A Força Feminina - Mulheres Incríveis "
A Força Feminina-Mulheres Incríveis
Divulgação
As sociedades, desde os primórdios, são marcadas pelo sistema patriarcal e machista. O patriarcado se refere ao sistema, derivado historicamente do direito grego e romano, em que o homem chefe de família tinha total poder legal e econômico sobre seus familiares dependentes, mulheres e homens.
A própria Bíblia, em algumas passagens, atribui à mulher um papel de submissão e opressão em relação ao homem. As mulheres não tinham permissão para possuir terras; eram tratadas como propriedade do pai e, depois, transferidas para o marido por meio de um pagamento nupcial. Mas é possível encontrar exemplos de mulheres fortes na Bíblia, que lutaram pela alteração de um cenário opressor.
Nesse cenário, as cinco filhas de Zelofeade questionaram, se posicionaram e clamaram por equidade e influenciaram a criação de uma nova lei por Deus para permitir que as mulheres possuíssem terras. Essas mulheres protagonizaram um ato revolucionário e mudaram a Lei da herança para o povo de Israel.
Além disso, a Bíblia reconhece a importância da mulher. Veja-se o exemplo de Eva, que recebeu a missão de gerar filhos e dar continuidade a criação que Deus iniciou.
Para garantir a superioridade e a dominação imposta pelos homens, desde sempre as mulheres foram oprimidas e ocuparam um lugar de subalternidade nas sociedades ocidentais. No entanto, ao longo da história ocidental sempre houveram mulheres que se rebelaram contra sua condição, que confrontaram o patriarcado, resistiram e lutaram pela quebra dos paradigmas opressores e, muitas vezes, pagaram com suas próprias vidas.
O Feminismo é a luta coletiva e organizada por mulheres e para as mulheres que pretende romper com toda essa estrutura de opressão masculina estabelecida e propõe a construção de uma sociedade revolucionária, mais equânime e livre de exploração e sofrimento. Desde sua origem, o feminismo defende a igualdade social, política e jurídica entre homens e mulheres.
A chamada primeira onda feminista aconteceu a partir das últimas décadas do século XIX e representa o surgimento do movimento feminista, que nasceu como movimento liberal. Nessa época, as mulheres, primeiro na Inglaterra, depois na França, Estados Unidos e Espanha, organizaram-se para denunciar a opressão imposta a elas pelo patriarcado e lutar pela igualdade de direitos que eram reservados apenas aos homens. O objetivo do movimento era a luta contra a discriminação das mulheres e pela garantia de direitos civis, políticos e educativos, especialmente o do direito ao voto, que depois de muita pressão foi conquistado no Reino Unido em 1918.
No Brasil, a primeira onda feminista, no início do século XX, também se manifestou publicamente por meio da luta pelo voto. As sufragetes brasileiras foram liberadas por Berta Lutz, bióloga, cientista de importância que estudou no exterior e voltou para o Brasil na década de 1910, iniciando a luta pelo voto. Foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que fez campanha pública pelo voto, tendo inclusive levado, em 1927, um abaixo assinado ao Senado, pedindo a aprovação do Projeto de Lei, de autoria do Senador Juvenal Larmartine, que dava o direito de voto às mulheres. Esse direito foi conquistado em 1932, quando foi promulgado o Novo Código Eleitoral Brasileiro.
Ainda nesta primeira onda do feminismo no Brasil, surge uma segunda vertente que se expressa nas múltiplas manifestações da imprensa feminista alternativa. Defendiam a educação da mulher e falavam sobre o interesse dos homens em deixar a mulher fora do mundo público; tocavam em temas delicados para a época, como sexualidade e divórcio. A terceira vertente se manifesta no feminismo anarquista, e posteriormente, no partido comunista.
Com a redemocratização dos anos 80, “temas como violência, sexualidade, direito ao trabalho, igualdade no casamento, direito à terra, direito à saúde materno-infantil, luta contra o racismo e opões sexuais, são tratados por diversos grupos e coletivos. Estes grupos organizavam-se muito próximo dos movimentos populares de mulheres, que estavam nos bairros pobres e favelas, lutando por educação, saneamento, habitação e saúde. Este encontro foi muito importante para os dois lados: o movimento feminista brasileiro, apesar de ter origens na classe média intelectualizada, teve uma interface com as classes populares o que provocou novas percepções, discursos e ações em ambos os lados.
Uma das mais significativas vitórias do feminismo brasileiro foi a criação do Conselho Nacional da Condição da Mulher (CNDM), em 1984, que tendo sua secretaria com status de ministro, promoveu junto com importantes grupos – como o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEME), de Brasília – uma companha nacional para a inclusão dos direitos das mulheres na nova carta constitucional.
Contudo, para se atacar a luta das mulheres que historicamente leva o nome de feminismo, o patriarcado insiste em fazer da palavra “feminismo” um palavrão. As mulheres continuam a pagar o preço das decisões tomadas quase que exclusivamente por homens em nossa sociedade.
Pr: Maria Emilia Genovesi
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