SAÚDE MENTAL
Dr. Eduardo Baunilha
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
As cinco feridas emocionais
É interessante como o discurso e os atos das pessoas revelam muito do que elas são. Parece óbvia essa constatação, mas quando nossa visão alarga e ficamos mais observadores, descobrimos que muitas vezes uma fala aparentemente despretensiosa ou um gesto de solidariedade bastante louvável esconde um mundo de sintomas vividos por um ser em desordem.
Vou explicar melhor: existem pessoas que têm uma devoção fora do comum para com as questões religiosas, parecendo e sendo uma pessoa exemplar para com a comunidade cristã, mas que, inconscientemente, esconde uma culpa por ter cometido terríveis ações imorais.
Outros estão sempre em prontidão para ajudar o próximo naquilo que ele necessita, dar assistência, acompanhar, mas a motivação inconsciente é poder ter a aceitação e o carinho que lhe foram negados, principalmente na primeira infância.
Ter este conhecimento não significa que não devemos confiar mais em ninguém. Muito pelo contrário. Essa informação deve nos mover a ajudar as pessoas angustiadas por suas dores emocionais. Todavia se não conseguir colaborar para a melhora delas, pelo menos orientando-as em busca de ajuda profissional.
Muitas vezes, aquilo que mais detestamos em alguém ou o que mais pode nos fazer admirar outra pessoa pode servir de um sinal de alerta para que consigamos entender que esse indivíduo possui uma ferida emocional que precisa ser conhecida, para em um processo de análise poder ser ressignificada.
A importância de poder conhecer e ressignificar essas feridas é ter a certeza de que esse movimento pode nos tornar pessoas mais tranquilas, mais preparadas para as demandas da vida e mais voltadas a ter relacionamentos mais saudáveis.
Isso porque, ao nos tratarmos, paramos de olhar para o outro ou os outros como culpados pela mazelas que carregamos na vida. Passamos a entender que todos, uns menos, uns mais, sofrem por carregar ideologias de vida que são incompatíveis com a própria felicidade. Crenças que apenas nos limitam, impedindo-nos de avançar.
Lise Borbeau escreveu que nosso corpo está sempre falando conosco e que “o corpo é tão inteligente que sempre encontra um meio de nos informar o que devemos quitar”.
Essa terapeuta e pesquisadora nos ajudará a entender como acontece essas feridas emocionais que são bastante incompatíveis com a possibilidade de vivermos uma existência mais significativa.
Sendo assim, nos próximos artigos discutiremos sobre as cinco feridas emocionais: traição, abandono, rejeição, humilhação e injustiça. Saberemos como elas acontecem. Como nosso corpo se molda a elas e o que devemos fazer para nos aliviar dos efeitos que elas nos fazem sentir.
Então, por hora, um grande abraço e até a próxima
Referência:
BORBEAU, Lise. As cinco feridas emocionais Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
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