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25 maio, 2021

Educação MG: Pesquisa do GEMAA revela grande desigualdade racial nas escolas privadas de alto desempenho de Minas Gerais

 Educação MG: Pesquisa do GEMAA revela grande desigualdade racial nas escolas privadas de alto desempenho de Minas Gerais

Entre as 20 escolas do recorte, sete estão em Minas Gerais e demonstram altos índices de segregação racial

Usando como base o Censo Escolar de 2020, o Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) tabulou a composição racial das escolas de ensino médio mais bem colocadas no ENEM de 2019. Embora grande parte das escolas não compute a raça e cor de todos seus alunos, os dados daqueles que responderam à questão assustam pela altíssima segregação racial desses espaços. A maioria delas possui menos de 10% de autodeclarados pretos e pardos e mais de 30% de não respondentes. O gráfico abaixo mostra a composição racial das vinte escolas com as maiores médias no ENEM 2019[1] de todo o Brasil

[1] Levamos em conta somente as médias das quatro provas objetivas do Exame.

Das vinte escolas do recorte, uma praticamente não computou a variável raça/cor do Censo Escolar, o Instituto Dom Barreto do Piauí. Outros três institutos tiveram uma alta taxa de não resposta como o Colégio Pirâmide de São Paulo (85%), o Colégio Farias Brito de Aplicação (65%) e o Colégio Ari de Sã Cavalcante (58%), ambos no Ceará. O Colégio Catamarã Referência de São Paulo registrou 0% de pretos e pardos e 81% de brancos. Dos restantes, apenas três instituições tiveram 20% ou mais de alunos pretos e pardos registrados.

Esse nível de segregação se repete nas duas principais capitais brasileiras: São Paulo e Rio de Janeiro. Dentre as dez escolas privadas de mais alto desempenho da capital fluminense, Apenas uma apresenta mais de 20% de pretos e pardos: o Colégio Técnico Nossa Senhora das Graças, com 30%. As duas unidades do Colégio Santo Agostinho (Leblon e Barra da Tijuca) registraram um baixo nível de não declaração (30% e 0% respectivamente. Mas em ambas, o percentual de pretos e pardos ficou entre 1% e 2% respectivamente. Essa situação é similar a outras escolas de prestígio como a Escola Eleva (1%), o Colégio São Bento (3%), Colégio Cruzeiro, unidade Centro (3%) e unidade Jacarepaguá (3%). Vale notar que nessa lista figuram escolas que recentemente aderiram a projetos e políticas antirracistas. Os dados sugerem que os efeitos dessas ainda são inexistentes na sua composição.

Realidade similar se aplica à capital paulista, onde nenhum dos dez colégios com melhor desempenho no ENEM 2019 registrou mais de 20% de alunos pretos ou pardos. A maioria dessas instituições oscilou entre 1% e 7%, tendo a escola Orlando Garcia da Silveira registrado mais de 91% dos alunos brancos.

Esses dados vêm corroborar uma relação visível na sociedade brasileira: quanto mais cara e melhor colocada no ENEM é uma escola, menor o percentual de pretos e pardos em seu interior. O gráfico 4 mostra essa correlação. Os pontos em azul escuro representam todas as 11.577 escolas com média no ENEM que responderam algo na questão raça/cor do Censo Escolar. Como é possível notar, aquelas instituições com maior média nas provas objetivas do ENEM (eixo vertical) são justamente as com menor percentual de pretos e pardos (eixo horizontal). A linha tracejada em amarelo mostra essa tendência.

A alta taxa de não resposta à questão de raça e cor impede que façamos grandes inferências sobre o tema. De todo modo, ela por si só mostra o descaso com que tais instituições de ensino vêm tratando a temática racial, já que se recusam a fornecer dados consistentes sobre seus alunos. Para além disso, os dados fragmentários existentes mostram a composição racial dessas escolas privadas é comparável àquela existente nos Estados Unidos antes dos anos 1960, quando ainda vigiam leis de segregação racial na educação. Vale lembrar que as ações afirmativas nos EUA se aplicaram primeiramente às empresas privadas, não havendo, portanto, nenhum problema em fazer o mesmo no Brasil. Não pode ser natural que a elite brasileira se forme desde a infância em espaços onde não há negros como pares, mas apenas como subalternos.

 

 Fonte:Assessoria de Imprensa

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