Porque é importante considerar o congelamento de óvulos, como fez Khloé Kardashian
O procedimento teve uma alta durante a pandemia, mas é necessário discutir a preservação da fertilidade além das pressões do coronavírus
O momento de incertezas que envolve a pandemia, e que vem se estendendo bem além do que esperávamos em 2021, tem sido difícil para muitas pessoas. Porém quem se encontra numa posição única são as mulheres que desejam engravidar.
Elas não são ainda um grupo de risco da Covid-19, mas caso comecem uma gestação, irão se tornar um. Além disso, num momento tão conturbado, principalmente no Brasil, a reflexão sobre hospitais sobrecarregados e o custo em geral de todo o processo deve ser levada em conta.
Claro, no caso de Khloé Kardashian, que faz parte de uma das famílias mais ricas do mundo, dinheiro não é um problema. Com a maior parte da população americana já sendo vacinada neste primeiro trimestre, o coronavírus também acaba ficando de lado. Então por que ela decidiu congelar seus óvulos? A justificativa de Khloé para realizar o procedimento é que talvez ela não volte a ter outro relacionamento sério, depois de romper com o pai de sua filha True.
Isso abre uma discussão que vem se disseminando em território nacional por conta da pandemia, mas que também reflete o caminho de empoderamento que temos traçado como sociedade. As mulheres que desejam conceber dependem de seu relógio biológico, e ele apresenta uma janela fértil já indesejada pela maior parte da população feminina.
“O momento mais propício para a gravidez é dos 18 aos 35 anos,” comenta Dr. Fernando Prado, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana. “Esse é um período que não mais é dedicado a constituir uma família, mas sim à evolução pessoal.”
Assim, muitas mulheres que pretendiam engravidar neste último ano, e se encontraram próximas aos 35 anos, se viram numa posição difícil. Após esta idade, os óvulos naturalmente perdem a sua qualidade e as chances de conceber naturalmente diminuem em até 50%.
Nesse caso o congelamento, ou vitrificação, pode ser uma opção. O procedimento consiste em estimular uma maior produção de óvulos, coletá-los antes que sejam expelidos pelos ovários e então os preservar. O especialista explica que eles podem ser mantidos neste estado por mais de 10 anos, o que abre, e muito, as opções de planejamento da paciente.
“Além da pauta do coronavírus, o congelamento é uma alternativa importante para as famílias não convencionais, como os casais LGBTQ+ e mulheres como Khloé, que não associam a maternidade à um parceiro,” complementa o obstetra.
Para Prado, mesmo que o assunto esteja em alta por conta pandemia, ele deve ser discutido não só sob a pressão do tempo, mas também como um modo de preservar a fertilidade, cabendo à mulher decidir a melhor hora de conceber, e não à sua fisiologia.
Fernando Prado - Médico ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, doutor pelo Imperial College London e pela Universidade Federal de São Paulo, diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de embriologia do Labforlife.
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