A Imaturidade Do Cérebro De Uma Criança E As “Birras”
Telma Abrahão, biomedica unindo ciência a educação dos filhos e especialista em educação emocional, dá dicas para os pais de como lidar com esse comportamento
Muitas crianças possuem suas atitudes mal interpretadas quando se jogam no chão ou se frustram diante do não. E os pais, ao não compreenderem por que esse comportamento acontece, acabam se irritando e perdendo a paciência com seus filhos.
Mas será que os pais compreendem o que realmente significam as “birras”?
“Coloco “birras” entre aspas porque, quando coempreendemos os motivos dessas atitudes, sentimos vontade de mudar esse termo para algo menos julgador ou que de- monstre o que elas realmente representam durante a infância. Ao contrário do que muita gente pensa, as crianças não agem assim para provocar seus pais, mas, sim, porque possuem um cérebro imaturo e ainda não aprenderam a lidar com suas emoções e frustrações.
As “birras” não são um ataque contra os pais, mas, sim, um pedido desesperado de ajuda por diferentes motivos, menos por manipulação. Crianças pequenas possuem dificuldade em expressar o que sentem. Elas não estão te testando ou sendo malcriadas de propósito. É por pura imaturidade neurológica e uma real incapacidade de administrar o que sentem.
Por volta dos dois anos, a criança faz descobertas incríveis e ganha uma enorme capacidade de interação, mas as áreas de autorregulação do seu cérebro ainda não se desenvolveram e por isso tanta dificuldade para lidar com as próprias emoções. A criança, nesse estágio, começa a perceber que não é uma extensão dos pais, mas, sim, que possui vontades próprias e a esses novos quereres, muitas vezes reprimidos pelos pais, soma-se uma frustração intensa, acompanhada de muitos choros e gritos.
Esse entendimento nos ajuda a ter mais empatia diante das “birras”, em vez de achar que a criança está desafiando a autoridade dos pais. Não adianta achar que ela está sendo malcriada e apenas pedir para que se acalme porque seu cérebro ainda é incapaz de seguir esse comando. Cabe ao adulto ajudá-la a colocar seus sentimentos em palavras e, a partir daí, começar a gerenciar dia após dia as pequenas frustrações que vão surgindo no caminho.
O cérebro dos seres humanos só termina de se desenvolver por volta dos 25 anos, então imagine como é difícil para uma criança pequena reagir às inúmeras frustrações que enfrenta durante a infância.
Elas vão aprender a usar a razão com o tempo e também vendo o modelo dos seus pais. Se você explode quando se irrita, provavelmente seus filhos aprenderão a fazer o mesmo. Até um adulto muitas vezes não sabe lidar com o que sente, imagine uma criança, que não tem maturidade cerebral nem emocional. Isso é um processo de aprendizagem, e todos os pais deveriam ter ciência dele para lidar melhor com essa fase tão desafiadora da infância.
Telma Abrahão - Biomedica unindo ciência a educação dos filhos, especialista em educação emocional e Autora do Best seller “Pais Que Evoluem - Um novo olhar para a infância”
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