Quando o brilho do outro dói
A inveja é um tema delicado, mas muito mais comum do que a gente imagina. A verdade é que todo mundo já sentiu inveja alguma vez na vida, mas nem sempre a gente reconhece. Quando sentimos inveja, na verdade, o que está por trás é uma dor, a ferida da inferioridade. Essa ferida costuma nascer lá na infância, quando a gente começa a ser comparado mesmo que de forma sutil.
Algumas frases parecem inofensivas, mas criam uma mensagem interna: "eu só sou bom quando faço igual ou melhor que o outro". E assim o cérebro aprende que o valor está na performance, não no ser. A partir daí, surge o vício da comparação. A pessoa vive se medindo, tentando provar que é boa o suficiente e quando alguém ao redor brilha, isso aciona a dor da inferioridade.
Não é que ela queira o que o outro tem e que isso esteja relacionado com valor material. Ela só não suporta sentir aquele "incômodo" de se perceber menor. Então, para aliviar essa dor, entra o mecanismo da inveja, diminuir o outro para se sentir maior.
É por isso que tanta gente prefere criticar, desmerecer ou ironizar os outros do que olhar para dentro e lidar com a própria falta de autoestima. E agora vou dar exemplos que com certeza você já escutou pelo menos uma delas: "Nem é tão bonita assim, é só maquiagem."
"Tá se achando demais só porque comprou um carro novo."
"Tá se achando inteligente só porque passou no concurso."
"Conseguiu esse corpo porque tem tempo pra isso, eu trabalho o dia inteiro."
"Fala de felicidade, mas eu quero ver quando a vida apertar..."
A inveja só faz a gente se sentir ainda pior, porque cria um ciclo vicioso, eu me comparo, me sinto menor, fico com raiva e continuo me comparando. No entanto, existe um olhar completamente diferente da inveja: o olhar da admiração.
À primeira vista, os dois sentimentos podem até se parecer, afinal, nos dois casos a gente observa algo no outro que gostaríamos de ter ou fazer. Mas a diferença está na energia que vem depois. Quando há admiração, a gente sente inspiração. É aquele pensamento leve que diz: "Que legal o que ela conseguiu! Eu também quero chegar lá." A pessoa se torna uma referência, não uma ameaça! Você olha pra ela e pensa: "Se ela conseguiu, talvez eu também consiga."
A admiração desperta vontade de crescer, aprender e melhorar. Mesmo que dê uma pontadinha de tristeza por ainda não estar nesse ponto, o sentimento é construtivo você reconhece o valor do outro sem diminuir o seu. Enquanto a admiração te aproxima do que você quer ser, a inveja te afasta. A admiração diz "isso é possível pra mim também". A inveja diz "nunca vou ser assim".
Por isso, quando perceber alguém te despertando incômodo, vale se perguntar: "O que essa pessoa me mostra que eu ainda não permiti ver em mim?" Talvez o que você chama de inveja seja, na verdade, uma parte sua pedindo pra florescer também dizendo... "você também pode!"
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Débora Máximo é influencer e graduanda em Psicologia

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