Preconceito E Menores Salários Ainda Marcam A Participação Das Mulheres No Setor De Bebidas
Na luta por igualdade de gênero, Coletivo Ada Coleman reforça que técnica e qualificação são o que realmente importam na contratação de serviços, ao invés da aparência ou força
São Paulo, dezembro de 2020 – O espaço que as mulheres têm conquistado nos bares, como clientes ou como bartenders, é notório. O que parece não ter acompanhado essa evolução, entretanto, são as condições de contratação e trabalho, ainda envoltas em preconceito e menores salários na comparação com homens que exercem as mesmas funções. A análise foi feita por Michelly Rossi, Thatta Kimura, Chula Barmaid, Graciela Souza e Adriana Morais, integrantes do Coletivo Ada Coleman.
O Coletivo surgiu durante a pandemia para ajudar mulheres profissionais do setor de bebidas que estavam em situação de vulnerabilidade, por meio da arrecadação de fundos. Agora, o foco também é educacional, entendendo que o que realmente deve fazer diferença na prestação de serviços é a qualificação. De acordo com elas, a falta de dados relacionados com a atuação feminina neste mercado ainda é um problema, o que impede uma visão mais ampla de necessidades e soluções.
“Um dos fatores para essa falta de estatísticas é o grande número de trabalhos informais. Além disso, as informações parecem não ser muito relevantes para o setor, já que é mais fácil mascarar a situação problemática. Analisando alguns dados de marcas multinacionais, vemos que há menos mulheres trabalhando nas grandes indústrias e, pela própria experiência das bartenders, podemos afirmar que atuamos mais com homens do que com outras mulheres”, explicou Michelly Rossi, Gestora de Bares do Grupo Tokyo.
Apesar da escassez de levantamentos direcionados, o Coletivo apresentou alguns dos mais recentes durante o debate “Quantas mulheres têm no seu drink”, que fez parte da programação do Global Bar Week, em outubro. Um deles foi a pesquisa Tales of the Cocktail, de 2016, que mostra que nos Estados Unidos, 59% dos entrevistados acreditavam que as barreiras para mulheres estavam mais baixas no presente, algo que Thatta Kimura, Bartender que já atuou em diversos bares, discorda completamente.
“Se fosse dessa maneira, teríamos mais profissionais atuando na área hoje. Nesta mesma pesquisa, grande parte dos homens entrevistados acreditava que a maior barreira da mulher para a atuação dentro de um bar era carregar peso, enquanto as entrevistadas afirmavam ser a dupla jornada. Além disso, não podemos relevar situações como a diferença de salários, sexualização da profissional e até mesmo abusos. Eu mesma já senti incômodo em entrevistas de emprego”, disse.
Outra recente pesquisa citada pelas profissionais, foi realizada pela plataforma Barmaids de Argentina, com 300 mulheres do país, da área de hospitalidade. No levantamento, 64% afirmaram que já sentiram que perderam oportunidades, como o aumento de salário, por não serem homens.
“Tem gente que acha que fora do país a situação é melhor, mas eu cheguei a ver em bares lá fora problemas iguais aos daqui. Muitas coisas ainda precisam mudar. Eu tenho certeza que muitas portas de trabalho se abriram inicialmente mais pelo fato de eu ser estrangeira do que por acreditarem que eu trabalhava bem”, explica Chula, que atua no Bar dos Arcos.
Para Graciela Souza, Bartender e Empreendedora Social pela Maria Maria Bartenders, o preconceito em relação à capacidade das mulheres ainda é muito grande. “Percebo que muitas pessoas quando consultam o nosso trabalho ficam com receio, somos subestimadas. Para carregar pesos existem os carrinhos. O grande ponto é qualificação, não tem a ver com gênero. Quem é profissional, faz coisas boas, seja homem ou mulher”, ressaltou.
Adriana Morais, Bartender e Chefe de Produção do Frank Bar, completou sobre como educação e capacitação são fundamentais para virar o jogo. “Não é sobre aparência ou força. O mais importante é técnica, inteligência, conhecimento. A educação é o que pode ajudar nessa luta de igualdade. As pessoas devem pensar que estão contratando serviços que precisam ser bem executados e que o gênero é completamente irrelevante”, conclui.
Sobre o Global Bar Week
Evento inédito e digital, que reuniu a comunidade de bares e bebidas do mundo inteiro para fazer negócios, networking e incentivar a expansão de conhecimento. Com o objetivo de fomentar o mercado ao promover conteúdo e a troca de experiências para além das fronteiras, os BCBs de Berlin, Brooklyn e São Paulo em conjunto com a feira Imbibe uniram forças para criar um evento de alcance global, repleto de inovações. O Global Bar Week foi um hub para conhecimento de novos produtos e empresas, reuniões e, claro, participação em webinars com conteúdo nacional e internacional para atualização de conhecimentos. Saiba mais em https://www.
Sobre o BCB São Paulo
É a principal feira de destilados premium para profissionais que trabalham com bebidas em bares, restaurantes, hotéis e eventos no Brasil e na América do Sul. A primeira edição, realizada em 2019, foi muito bem recebida pelo setor pela mescla de negócios, networking e conteúdo qualificado, reunindo grandes referências nacionais e internacionais. O BCB São Paulo traz para o país o conceito de sucesso na Alemanha, onde acontece desde 2007, e nos Estados Unidos, desde 2018. Saiba mais em www.barconventsaopaulo.com.br
Sobre a Reed Exhibitions
Principal organizadora de eventos do mundo, com mais de 500 eventos em mais de 30 países. Em 2016 a Reed reuniu mais de sete milhões de participantes em eventos de todo o mundo, gerando bilhões de dólares em negócios. Hoje os eventos da Reed são realizados em toda a América, Europa, Oriente Médio, Ásia-Pacífico e África, organizados por equipes em 38 escritórios. A Reed Exhibitions atende 43 setores da indústria com eventos comerciais e de consumo. Faz parte do RELX Group plc, líder mundial no fornecimento de informações e análises para clientes em todas as indústrias. www.reedexpo.com
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