Curta-Metragem Cearense É Selecionado Para Encontro De Cinema Negro
‘Hafsa’, filme que conta a história de uma moradora de rua transexual foi feito com um iPhone e esteve presente em mostras cinematográficas ao redor do Brasil
Um curta metragem cearense, Hafsa, realizado por uma equipe majoritariamentenegra de alunos da Universidade Federal do Ceará com o uso de um iphone foi selecionado para o 13º Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul. Contando a história de uma jovem moradora de rua trans cuja jornada muda após conhecer Luna (Nádia Lopes) - uma mulher presa em um casamento cheio de abusos físicos e psicológicos. O filme conta com a direção de Letícia Aguiar - aluna de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará.
Após ter sido selecionado para a Mostra das MINAS, transmitido durante o período de pandemia na página do Facebook da mostra, e o 2º PALMACINE -Festival de Cinema da Palmácia. O filme chega ao evento que terá uma transmissão online devido ao evento da pandemia do COVID-19 entre os dias 21 ao dia 30 de Outubro. Com uma diferente perspectiva de história sobre uma protagonista trans, o curta metragem em seus 14 minutos, apresenta Hafsa (Juno Vicky Sullivan) como uma mulher com um misterioso passado e cujo lugar no mundo ainda não é bem claro.
Gravada pelas lentes de um iphone, a história busca não trazer uma narrativa estereotipada onde uma personagens trans está lá para sofrer ou para se descobrir, trata Hafsa como uma mulher segura de si e ciente das opressões sociais que a cercam. Em meio a sua busca por seu lugar no mundo o filme apresenta a protagonista em momentos de reflexão e autoconhecimento,caminho esse no qual ela tem a ajuda de Tia Oyá (Mãe Telma).
Mesmo tendo chegado a algumas mostras ao redor do Brasil, o filme foi feito com um baixíssimo orçamento como um trabalho independente. Além de ter sido a primeira experiência da maior parte da equipe em suas respectivas posições, como Willi Sales - quem fez o som direto do filme - e Mari Ellen -responsável pela direção de arte e também pela assistência de direção. O trabalho em conjunto de todas estas mulheres negras torna um filme uma obra única, com um cuidado especial na hora de se pensar a equipe.
Pensar na importância de uma sororidade trans inclusive foi necessário para o fazer o filme, tanto por sua narrativa quanto pela equipe por trás dele. A personagem Hafsa foi pensada para a atriz Juno Vicky Sullivan, dando assim vida à personagem não apenas no curta mas em outras produções locais. Ter uma travesti negra não hormonizada interpretando uma personagem trans, cuja a maioria dos personagens sempre demonstram respeito pelo seu gênero ao longo do filme é um ato político. O mesmo vale para a direção do filme ter sido realizada por Letícia Aguiar, também uma mulher preta e travesti.
O curta tem o roteiro e produção de Eric Magda e a montagem de Amanda Aguiar, faz também parte de um conjunto de produções do coletivo Vesic Pis. Algumas produções do coletivo se encontram no seu canal do YouTube, enquanto outras passam por um período de inscrições em mostras e festivais ao redor do Brasil.
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